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sábado, 10 de setembro de 2016

Um aprofundar das valências Fodissistas

Diz-se do Fodissismo que não presta, que é paupérrimo e que não basta para dar cobro á miséria dos tempos modernos. Os seguintes parágrafos servem para que se perceba que apesar de ter andado enterrado, o Fodissismo andou fazendo seu trabalho, influenciando e dando provas da sua eficácia no que presa a respeitar o seu cunho pessoal no mundo.

Começando pelo principio, o Fodissismo crê na individualidade, é no individuo que se encerra o cerne da pesquisa Fodissílica. O individuo diz merda e o Fodissismo estremece pois na base do ser existe um código de conduta que fissura a crença de que para um Fodista dizer merda baste, por isso o individuo Fodista vai além da merda e diz merdas, dizer merdas é completamente diferente de dizer merda, qualquer um diz merda, aliás a maior parte dos indivíduos passa a maior parte da sua vida a dizer merda, enquanto que para um Fodissista que se preze dizer merdas é o cerne da questão das questões. Um individuo pode começar por dizer —no principio era o verbo e o verbo estava com deus e o verbo era deus— e um Fodista iria parar o individuo de dizer merda e diria as suas merdas e entre várias merdas diria — cala-te caralho que não percebes merda nenhuma do que havia no início — do que se depreende que no principio só existia o individuo em silêncio, mais ainda se entende das palavras do Fodista que no inicio nem verbo nem deus, só vazio e no vazio umas merdas, entre as quais o individuo. Um dos valores mais altos do Fodissismo é reconhecer que das suas merdas vem a noção da criação de tudo, tudo advém de umas merdas que se juntam a outras merdas e que fazem merdas maiores, inquestionáveis. Das mais conhecidas frases Fodissistas é importante referir uma que se tornou corolário e farol de conhecimento para os Fodissistas e quiçá para a humanidade, “eu só sei que merdas sei”, está bom de ver que saber umas merdas é útil para o indivíduo, saber por exemplo que a terra é redonda, que a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa, a noção de espaço-tempo curvo da teoria da relatividade, tudo são merdas importantes, mas o Fodissismo vai além desse conhecimento e tenta agora descobrir merdas do caralho. O estudo das merdas do caralho é algo que se vem aperfeiçoando ao longo dos últimos anos e é uma das razões de base pelas quais o Fodissismo andou enterrado. Saber merdas do caralho, vai além da simples capacidade de se saber umas merdas, apesar de que não é qualquer um que sabe umas merdas e o próprio Fodissismo andou enredado no conhecimento de umas merdas a ver se conseguia fazer face á curiosidade que tinha. Mas é no meio dessa pesquisa de umas merdas que o Fodissismo tropeça nas merdas do caralho e é este um tema de maior valor, pelo que saber umas merdas, apesar de ser ainda um dos ramos do conhecimento Fodissista, foi largamente ultrapassado por conhecer merdas do caralho. O estudo das merdas do caralho pode ser dividido em três áreas distintas, as merdas do caralho abstractas, as merdas do caralho empíricas e as merdas do caralho práticas. Ao longo do tempo em que esteve em Massarelos e antes mesmo de ter sido enterrado, o Fodissismo debruçava-se sobre estes três pilares primeiros do conhecimento. Passo a dar alguns exemplos das diferentes áreas de merdas do caralho. No campo das merdas do caralho abstractas podemos travar conhecimento com coisas como anões monoquilhão, os anões monoquilhão são seres de estrema agilidade e velocidade, o facto de terem o centro de gravidade baixo e um só quilhão a estabilizar o peso do seu corpo faz com que sejam muito utilizados na pesca da solha em apneia em Peniche, o seu peso pluma e o facto de terem um quilhão só faz com que a sua estrutura se assemelhe á dos barcos, onde a quilha serve de espinha dorsal da embarcação, o anão monoquilhão consegue atingir velocidades de ponta extraordinárias em baixo de água e os bracinhos pequenos surpreendem a solha que não consegue resistir ao anão em apneia, de  referir que o facto de haver só um quilhão faz com que o peso do anão se distribua mais uniformemente e isso aliado ao seu reduzido tamanho faz com que as capacidades do anão monoquilhão pescador de solha em apneia em peniche seja uma das maravilhas de conhecimento de merdas do caralho abstractas. Nas merdas do caralho abstractas incluem-se também os ornitorrincos e o José Castelo Branco. No que diz respeito a merdas do caralho empíricas, um só exemplo basta, a punheta de mão dormente exercida por  jovens com acne em avançado estado de desenvolvimento que permitem não só ao individuo borbulhento imaginar que é outra pessoa a afagar-lhe o palhaço o que o faz soltar urros de prazer, como também o premeia com o ato impar de limpar o pus da borbulha que rebenta aquando do píncaro de prazer com uma mão mole e formiguenta, acabando por mesclar pus com meita o que acaba por hidratar-lhe a pele e ao fim de umas sernicadelas formiguentas ao longo de meses acaba por sanar-lhe o problema do acne, ficando ele com uma pele sedosa e brilhante o que lhe permite conhecer a Cátia de Gondomar que gosta de ler romances no autocarro que lhe faz a ligação entre Baguim do Monte e o bolhão. Por fim temos as merdas do caralho práticas, nas quais se incluem gajas com mamas grandes bêbadas em bares depois das duas da manhã, taberneiros com a capacidade de mastigar com a boca fechada e crianças que sejam capazes de mamar em peitos até aos 19 anos de idade. Estas três áreas são essenciais para a plena compreensão da Fodissibilidade da vida, as merdas do caralho estão em todo o lado e compreendem em si um conhecimento maior que o próprio conhecimento. Por isso se vê que o Fodissismo é riquíssimo e que tem em si vários atributos que visam a compreensão da existência em si, deitando assim por terra os argumentos de alguns que não contentes com a merda que dizem se acham donos e senhores da verdade. Mas o Fodissimso tem muito mais para oferecer e em breve analisaremos outros campos da ação do Fodissismo e as suas múltiplas ferramentas. 

sábado, 27 de agosto de 2016

O velho Faria

Havia um velho, dos muito velhos, retintos, velho de ser mais velho que os velhos, velho de já não se contar a idade nem as rugas, velho de ser um mistério a idade do velho, que cagava numa tábua curva, furada no centro, com vista para a palha, no fundo do quintal, com o cheiro a bestialidade e visões de galinhas e patos. O velho por ser tão velho cagava mole e fazia muita força e pouco mijava e no fim só se ouvia o embater da trampa na palha, um som mole na moleza da cagadela do velho retinto. E o velho cantarolava enquanto se limpava ao papel higiénico, único indício de quão velho era que a novidade e toque acetinado do papel já lhe aprazia mas a porcelana de uma sanita lhe fazia confusão e cagava ainda na cagadeira antiga de madeira antiga e de chapa de zinco e de porta com trinco metálico e cheiro a pocilga do fundo da casa onde sempre vivera e nunca saíra. Era um velho muito melancólico, depois de cagar acendia o cachimbo e ficava a embalar o intestino vazio na cadeira de baloiço antiga que tinha as marcas do tempo nos apoios de braços e a almofada cerzida pela mulher, para sempre companheira na morte e na vida, mulher de sempre muito velha mas já falecida. Vivia o velho retinto na casa sozinha com o cão de companhia, cão velho e muito molenga, com patas patudas e nariz aguçado e cauda pendida e ausência de dentes e pelo grisalho e arfar na passada e gases abundes que se soltavam no ar e faziam o velho suspirar, com saudades dos peidos da mulher cerzideira, amante matreira que no tempo de solteira se enamorou pelo já velho homem distinto que retinto agora era possante e elegante numa mistura de bravura que a conjetura nunca fizera suspeitar que sozinho viesse acabar tamanha a distancia da idade madura do velho retinto e da jovem solteira que se queria enamorada de um velho caduco, mas muito astuto que fazia do canto o seu ultimo reduto. E sempre depois de cagar na sombra da eira se sentava na cadeira que o embalava na verborreia de cantar de maneira que as moças se enamoravam e as velhas o invejavam e todos os que o rodeavam gracejavam — aqui descansa o velho cagão que canta depois de um relhoto o melhor refrão da canção  que encanta o coração das gentes.

E o velho cantava da guerra, do tempo remoto de novo de como veio primeiro que o ovo e como cantava o ignoto velho, conhecido só dos vizinhos porque nunca levara a sério os trinados e nunca se dedicara ás cantorias em romarias e nunca se quis com honrarias, só queria ser velho e cantar depois de cagar até adormecer no embalar, embalar que pensava o havia de levar á mulher que nunca deixou de amar. Mas não era só cagar e cantar, não era só dormitar no embalar, não era só saudoso o amoroso mas era também estimoso do cão já velhote e carcomido, cão que lhe fazia companhia todo o dia, cão que lhe dava alegria e depois de cagar e cantar de embalar e de dormitar, todos os dias à hora tardia o velho com muita alegria alimentava o cão que gania, gania de tanta euforia de saber que comer ele iria e que depois se deitaria na cama do velho retinto dormindo pra dentro da noite fazendo-lhe a tal companhia que muito importante não seria se a velha solteira anafada ainda fosse viva e rosada e fizesse na cama comunhão com o velho retinto bonacheirão. E o velho deitava-se e a cama rangia de velha que era muitas vezes cedia e o velho adormecia com a tripa vazia e dormia na companhia do velho cão que se calava e dormia! E dormia noite fora na cama sombria e acordava madrugada cedo para fazer o que sempre fizera, alimentar os patos e as galinhas, comprar o pão na padaria, comer o pequeno almoço na cozinha e ler na mercearia o jornal que tanto o entedia com noticias do que nunca veria, novidades sem muita fantasia e a página da necrologia onde contava mais que seus dedos amigos que passaram a margem e que no perecer o deixam mais sozinho, mais velho e mais solitário, mais triste e mais melancólico. E ao almoço na vizinha comia, por vezes tripas por vezes feijoada umas vezes bacalhau outras vezes entremeada, mas sempre com muita calma, pois a refeição sempre seria sagrada e sempre dava as graças por comer e ter companhia para o entreter porque depois de a mulher falecer foi a vizinha que se foi oferecer para sempre lhe fazer o comer para o almoço e a marmita para levar para ter o que comer ao jantar e ter sempre um belo manjar para na hora que mais gosta do dia poder cagar e cantar e adormecer no sozinho embalar da cadeira que o viria a amparar no dia que o estertor viesse a dar e pudesse ir ter com a mulher e no paraíso a acompanhar. Porque era um velho educado agradecia sempre e deixava recado ao vizinho que sempre ocupado estava ausente na hora de almoço, era um velho muito estimado e escutado e aprumado que todos os dias depois de comer se deitava a digerir o porvir. E da sesta acordava refeito e ia ao café comentar com os outros velhos, menos retintos, menos distintos, menos famintos, mais queixosos, mais desdenhosos, mais horrorosos e como o invejavam os velhos do canto que alegre cantava sem preocupações sem raiva e sem tempo que sempre depois da cagadela soltava para o mundo lá fora e que indicava aos vizinhos a hora do fim da jorna diária pois cedo era a hora que se deitava e sempre mantida a rotina servia de lição de vida pros velhos que queriam ser mais velhos que o velho, mas que suspeitavam que acabariam na folha da necrologia antes do velho Faria que vivia na harmonia de ter só o que tinha sem querer mais do que lhe era devido e aproveitando o tempo que havia para dar repouso á barriga para a digestão da comida fria que comia antes da hora tardia onde refeito da força diária de cagar o que havia comido se sentava na cadeira de embalar para repetir sem desgosto o habito ímpar de cantar depois de cagar, mesmo antes de dormitar antes de se ir deitar com o cão alimentado em sinfonia com ganidos de tanta alegria por saber que na hora tardia dormia com o velho retinto e acordava para mais um dia de ser cão velho de um velho muito velho. E assim viveu o resto do tempo, o velho que sempre foi moço, por dentro onde vale ser moço e não resistir á tormenta de não se passar dos noventa por ter problemas do intestino e não se cagar em harmonia e viver com a diarreia fina e com outros problemas do foro intestinal digo-o sem decoro, pois é o mais importante para uma vida em pleno comer e cagar como um jovem e viver sem arrependimentos, cantando para afastar os lamentos e seguindo uma rotina regrada onde o mais que faz mal á pança é a saudade da bem aventurada mulher amada!

O regresso do Fodissismo

O Fodissismo não está morto, está apenas enterrado, mas por baixo da terra ainda esperneia, ainda solta urros no mato e ainda vocifera ás estrelas. Ainda há quem se pergunte, — O que é feito do Fodissista amante dos grandes e tórridos esplendores ­— não é feito nada, porque tudo está já feito, o Fodissista já se provou e singrou nos ditos de um povo, já cicatrizou feridas e engessou braços, já correu maratonas e matou javalis num domingo á tarde em Alcochete, o Fodissista já foi amado nos braços de uma sereia e já comeu carpa pescada num aquário de acrílico com uma rachadela no meio, já fez tudo e não tem nada a provar, rigorosamente nada. Diz-se do Fodista que é um amador da ignominia, que é um tentador da desarrazoada e irascível vontade de um deus menor, mas não é verdade, o Fodista é um proselitista da gnose, um amador das jovens menstruadas da Avenida de Roma, um acepipe de poucas calorias, um ventre equilibrado entre os excessos, é um pedaço de carne no assador típico, é uma verdade maior, um ex-libris de si próprio, é um fonema mudo num exercício para ciciosos, uma artrite num idoso, é algo presente, é uma fleuma adulterada, um adultério com um primo, uma cigarra em osmose com o meio circundante. Não poucos se questionam sobre o verdadeiro valor da fodissibilidade da vida, o seu teor foditório e a fodissidade com que ferozmente a vida atraiçoa o ser humano comum, mas a isso o Fodissismo responde com ações, o fodissismo retorque, redargui! É impossível esgueirarmo-nos do facto de que fodissar é tão válido como escalar o Evereste para ajudar ao declínio de parasitas de árvores, como o rabo-de-zorra ou as pútegas de raposa, é importante agir e o Fodissismo age, age com um ímpeto e força tal que todos se encaralham á sua passagem, pois ser Fodissista é ser mais alto, é ser maior que os lobisomens, é um foda-se aquando de uma martelada num cravo metálico, é uma resposta ás ambições de anões com escaldões fortíssimos, porque é menos o que escalda mas os braços são mais pequenitos para espalhar o creme nívea do boião azul, é embebedar uma gazela e vê-la espetar-se contra um carvalho adulto, é beber mijo de criança e dizer que são tisanas, é rever no rosto de uma tia aquela amiga gorda que se embebeda e fica arisca como uma mula bêbada de fruta fermentada, é uma ressaca de espumante!

Pode dizer-se muito do Fodissismo, mas nunca basta, o Fodissismo é um organismo em osmose com o meio arquitectónico vigente, é como comer uma solha pescada em apneia em Peniche, é buscar na idiossincrasia da formiga que segue em contramão a resposta para quem veio primeiro, o foda-se ou o caralho! Mas não se julgue que é simples a tarefa de um Fodista aperaltado de boas normas de discurso, é ainda difícil singrar com verborreias de domesticação de girinos, pode pensar-se que a missão de um Fodista é simples e que qualquer um pode ser Fodista, mas não, oh não, não é! Ser Fodista é uma questão de honra, é levar a peito coisas como gralhas em ementas de restaurantes com um dono reaccionário, onde bitoque se escreve vitoque! É comer o vitoque e dizer no fim ao barrigudo reaccionário, que nitidamente explora a dona Esmeralda da cozinha com horários estapafúrdios, —foi a primeira vez que comi vitoque, mas digo-lhe já estava de comer e chorar por mais! Ser Fodista é mais que tudo desenterrar de um esfíncter contraído por soltura uma vontade de ser igual aos demais, mas em bom, é respeitar as vontades de um jornalista enfadado de escrever horóscopos e aceitar que nem sempre se acorda com a mesma vontade de dizer coisas simpáticas aos leitores e que algum dia há de vir em que um sagitário vai andar fodido dos cornos porque o horóscopo lhe disse que o dia vai ser merdoso. Ser Fodista é comer farturas numa quarta à noite e cagar só no sábado, é dura a missão de um Fodista e tudo surge para o atacar. As palavras, secretas que são sempre, atordoam o espírito fodissilico e impregnam de meias verdades a vontade de espreitar a vizinha a depilar-se antes de um encontro importante com o merceeiro, porque o valor fiado é quase igual ao de um salário mínimo, o Fodissismo não está morto, está apenas enterrado, repito-o e enterrado a 7 palmos do chão, bem fundo, onde o sol não brilha e onde a música das cítaras não se ouve porque já ninguém toca cítara decentemente e sejamos francos em Massarelos já ninguém toca a cítara e é lá que o Fodissismo anda enterrado, em Massarelos. Mas eis que é chegada a hora de desenterrar o Fodissismo, fazer soar as trombetas e esfregar na tromba de muitos que tal força da contemporaneidade não pereceu, apenas andou enterrada, enredada em contos do vigário de Alfeizeirão, que pelos vistos andou enrolado com uma freira capuchinha no fim de março de 2016. E que se diga por toda a parte, o Fodissimo voltou e está mais vivo que nunca e saiu da tumba em Massarelos e anda a passear como o zé do telhado andava, nos beirais e telhados das cidades armado só de um caralho de um conceito que é fodido, o de que ser Fodissista é ser um farol para a loucura da modernidade, é ser escansão numa fábrica de congelados, é ser roubado no sábado á tarde no passeio alegre enquanto se apanhava um Zapdos no telefone que vale o mesmo que umas férias num resort em cuba, é ser dentista num país de terceiro mundo, onde não há gomas, nem chocolate, nem leite creme feito pela avó! É com prazer que o digo, o Fodissismo voltou! Bem hajam!    

terça-feira, 6 de novembro de 2012

RE-Fundeação.


Eu falo, mas digo!
Não só noto, como ligo,

Mas,

Existe um segredo nas palavras,
Secretas que elas são sempre,
Segredo bem escondido,
Na frente de toda a gente.

Não só eu, o falo, mas só eu o digo!
Não só eu, o noto, mas sou só eu que ligo!

Embaraço num verbo dissidente,
Torna presente um adjetivo urgente,
Mistura de predicado e conjuntivo,
Repetido em coro, mas não em colectivo!

Sou só eu que falo, sou só eu que digo!
Sou só eu que noto, sou só eu que ligo!

E nesse espaço recente, se ouve a voz, amiúde
E por força das cordas da forca, se sussurra, se soluça
A voz que debruça a tenaz e errante ditadura
Que nos suga, que nos come, que nos impele e é loucura!

Sim, sou eu que o falo, mas não só eu o digo.
Sim, nem só eu noto, nem só eu me desligo!

E é então que consumindo este veneno diário
Onde se respeita o fuso-horário apartidário
Respeitando o ritual profícuo do parafuso,
Com a fenda na moleira a ser impelido a girar ao contrário!

Eu já nem falo, nem noto,
Eu já nem digo, nem ligo!



segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O Velho Impropério




O Velho Impropério

Existe um velho impropério
Que se quer austero
e dissidente,
na situação vigente!

Como que um velho mistério
Resquício de um velho império
O velho do impropério
Trabalha sem mistério

Usa o mais valioso minério
E sempre com um ar sisudo e sério
Explora o nosso ser etéreo!
Num vasto e vivo cemitério!

Esse bom velho impropério
Esse que explora o minério,
Esse senhor tão sério
Essa vitima de adultério,

Trabalha provavelmente
Num qualquer ministério.
Um com um nome profícuo,
Um de assessor, ou redator, deputado ou aleijado, um qualquer pau mandado...
Um sacana oblíquo!

Então junta-se esse senhor maldito,
A esse bom velho impropério
E o caso passa a ser sério,
Sério de constituição,
Sério de ser mistério!
Sério tipo inquisição!

Não por ser de fé, ou cometido ao pé,
De uma fonte, um passadiço,
Ou numa gruta, junto a um precipício!
Só por ser de conta, de conta de quem se é!

Não é justo por nascimento
Ou por incúria, ou orçamento
Por azar, ira, ou paixão,
 ser-se vitima de racionamento!

Racionamento de se permitir a ser, ser-se sem julgamento!

Ou porque é preto, ou rabi!
Porque é cinzento e por acaso é Bi!
Porque canta o hino nazi,
Ou simplesmente por não afinar em si!

A verdade mocidade,
 e nela  os velhos também
Aqueles velhos de verdade,
  os que ainda cheiram a saudade!
A verdade é que não se faz,
 não se diz, não se sabe de nada
que impeça o impropério!

Nada, nada
juventude e velhice que me lê,
Nada, nada
daquilo que qualquer um vê,
Nada, nada
do que em nós se encerra,
Nada, nada
nos desemperra!
Nada, nada
do que nos seduz,
Nada, nada
 nos induz!
Nada, nada,
Nos acelera,
Nada, nada
Nos norteia,
Nada, nada
Nos salva!

Estamos num deserto alargado,
Com o pescoço entalado,
Entre a areia e os astros,
Como uma avestruz!

Perto só mesmo os Hindus
Mas também,
só por aceitaram a luz!
E a nós? O que nos cabe?
O que nos cabe mundo zen
Do zen emprateleirado,
Do zen tão, mas tão aclamado,
Por só se ter de juntar água
Ou ter o programa instalado,
O programa do impropério,
Por nós sempre perpetuado!

Soubéssemos de verdade o zen
E percebêssemos as dualidades
Saberíamos que tudo o que se faz
Faz-se, pelas metades!

Havendo sempre o lado e outro
Este que está vivo, que jazerá morto
O que nos endireita, tirando-nos do torto,
Cabendo-nos sempre a opção de qual, trazer a bom porto!

Somos nós, já desde o tempo dos nossos avós
E os deles antes deles, antes de serem milicentiexatetra-avós!
Posso estar a exagerar, mas gosto de pensar num natal, com tanta tarte de noz!
Mas, a verdade é que sabemos e saberemos quando deixar-mos de nos sermos, saberemos ser nós a não mais lembrar-mos os nossos avós!

Tá tudo fodido meu!
Corram para os montes,
Ergam muitas pontes,
Saltem para o lado de lá!
O Amanhã, já cá npronto, soltam-se umas s!
ras,
as sereias!
al, com tanta tarta de no...
ão está!
foi passar férias a Felgueiras,
ter com um Xeiquedas areias!
Conseguiu reserva num restaurante com lampreias!
Sei lá, desistiu e foi fazer vida com as sereias!
Nós só fazíamos asneiras!
E pronto, deu-lhe para tonteiras,
Nem nos tratou das torneiras!
E pronto, nisto,  soltam-se umas rameiras, levaram-no a comer alheiras,
E pronto, ele saltou barreiras, rompeu todas as fronteiras e ainda nos levou as carteiras!

Vivemos num tal desafogo, que tudo o que nos é vendido, nos é vendido para o futuro! Não compramos o que consumimos hoje, mos o que vamos querer consumir daqui por três dias, mais para depois das férias, que faremos, um desses anos,
Depois de pagarmos a casa, ou antes de vendermos o carro! Não sei, um dia desses compramos, só porque é tão caro que soa mesmo a algo extraordinário!
Mas pronto, eu é que sou o otário, o primata subdesenvolvido que não acredita num horário, para se cumprir o primário!

Sou eu que sou atrasado, retardado e talvez, um pouquinho passado,
Corre-me ar pelas veias, por isso solto asneiras, como grãos, que compõem as areias!
Ou então, por muito que me custe e marque, por muito que me dilacere,
Eu fui adoptado e vim de marte e o meu mundo não é aqui! Devo ser lá da tal parte!
Ou de um País, onde a TV não mostra aqui! Se calhar fui muito exposto,
Padeci de um qualquer desgosto e por isso estou aqui! Ou então, então, ou então, não!

Custa-me a cota-de-malha da gente
Esta forte, mas transparente,
Onde quem desperta vê, vê-o tão claramente!
Um mar, um universo de gente,
Gente que de si não é crente,
Sendo forçada a manter um  estado omnipotente
Para em nós perpetuar este nosso não pensar
Este que nos é dado a tragar,
Onde dizem que o nosso esforço nunca fará parar
O que nos mata e destrói, o que nos corrói e separa
Isso que de nada nos vale, acordando no que nos espera!
Face á ameaça vigente
Essa que faz necessário,
contratar um assistente,
Tecnocrata emasculado,
dos do grupo de deputados,
referidos previamente!

Por isso é que não sou crente do trabalho do presidente,
Ou da pátria nação,
De um hino ou qualquer canção
 que patrocine o padrão!

Esquecendo assim a nomeação
A que foi dada em maioria
Ou pela suposta união, a da democracia
Afim de continuar a re-evolução,

Ou
Aquela depois do perdão,
dado pelo papa a toda a nação
devota da sua religião
 perpetuadora da repressão
extremada na inquisição!
Ou
Aquela depois da grande guerra, uma das duas, sei lá,
 ou a próxima,
ou a outra,
 aquela já para a semana,
uma com um vizinho do irão,
ou uma no Paquistão,
ou letão, ou um cão, sei lá!
Nem ter de ser uma nação!
Pode ser uma pessoa
Uma qualquer mais ou menos
Um daqueles pequenos não dá gozo
Claro está! Traga-me aquele dali
Só porque não o quero ali!
E é este o alibí,
Para perseguir quem não presta vassalagem aos que estão na outra margem nada tendo que ver com o que está a acontecer!
Nada tendo que ver com o que de nós conseguiu sobreviver!

Porque é que me querem a aceitar
A palavra de um badameco,
Um qualquer “jotinha” ou o “caneco”
Um grandessíssimo anti-imaginário
Um contra tudo o que lhe é contrter com um Chtudo errado!
o o que crça do grande calça
ente!
r daqui por tr carteiras, ário
E idiota como todos os outros, um sacristão!
Ele nem é culpado, foi de como foi educado
Em menino era bom moço
Comia tudo ao almoço
E estudava bem a lição,
Todos os dias, era um  sabichão!
Não é por acaso que o pai
o batizou de sebastião!
Não o podemos julgar,
 ele não podia saber que o pai era mandatado
Lidava com assuntos de estado e nos coelhões imaginou exatamente o que queria ter
E como era o que ele fazia, o que ele queria ter, tinha!
E teve assim este filho, que coitado até é bom moço,
Mas não percebe um caroço daquilo que é fazer
O que tinha de fazer, porque tinha!
E pronto, querem que eu aplauda a cagança do grande calão
Que atingiu tudo o que quer só com a ajuda do paizão!

E é por isso que não aplaudo,
hoje em dia claro está,
O futuro irá mudar
e nesse movimento se perpetuará!
O que me faz dizer,
que no futuro não sei,
Posso não concordar com nada disto
 e achar que tudo o que cá está,
Bem escrito,
 claro está,
Pode ser um grande tiro ao lado!