O Velho Impropério
Existe um velho
impropério
Que se quer austero
e dissidente,
na situação vigente!
Como que um velho
mistério
Resquício de um velho
império
O velho do impropério
Trabalha sem mistério
Usa o mais valioso
minério
E sempre com um ar sisudo
e sério
Explora o nosso ser etéreo!
Num vasto e vivo
cemitério!
Esse bom velho
impropério
Esse que explora o
minério,
Esse senhor tão sério
Essa vitima de
adultério,
Trabalha
provavelmente
Num qualquer
ministério.
Um com um nome
profícuo,
Um de assessor, ou redator,
deputado ou aleijado, um qualquer pau mandado...
Um sacana oblíquo!
Então junta-se esse
senhor maldito,
A esse bom velho
impropério
E o caso passa a ser
sério,
Sério de
constituição,
Sério de ser
mistério!
Sério tipo
inquisição!
Não por ser de fé, ou
cometido ao pé,
De uma fonte, um
passadiço,
Ou numa gruta, junto
a um precipício!
Só por ser de conta,
de conta de quem se é!
Não é justo por
nascimento
Ou por incúria, ou
orçamento
Por azar, ira, ou paixão,
ser-se vitima de racionamento!
Racionamento de se
permitir a ser, ser-se sem julgamento!
Ou porque é preto, ou
rabi!
Porque é cinzento e
por acaso é Bi!
Porque canta o hino
nazi,
Ou simplesmente por
não afinar em si!
A verdade mocidade,
e nela os velhos também
Aqueles velhos de
verdade,
os que
ainda cheiram a saudade!
A verdade é que não
se faz,
não se diz, não se sabe de nada
que impeça o
impropério!
Nada, nada
juventude e velhice
que me lê,
Nada, nada
daquilo que qualquer
um vê,
Nada, nada
do que em nós se encerra,
Nada, nada
nos desemperra!
Nada, nada
do que nos seduz,
Nada, nada
nos induz!
Nada, nada,
Nos acelera,
Nada, nada
Nos norteia,
Nada, nada
Nos salva!
Estamos num deserto
alargado,
Com o pescoço
entalado,
Entre a areia e os
astros,
Como uma avestruz!
Perto só mesmo os Hindus
Mas também,
só por aceitaram a
luz!
E a nós? O que nos
cabe?
O que nos cabe mundo
zen
Do zen emprateleirado,
Do zen tão, mas tão
aclamado,
Por só se ter de
juntar água
Ou ter o programa
instalado,
O programa do
impropério,
Por nós sempre perpetuado!
Soubéssemos de
verdade o zen
E percebêssemos as
dualidades
Saberíamos que tudo o
que se faz
Faz-se, pelas
metades!
Havendo sempre o lado
e outro
Este que está vivo,
que jazerá morto
O que nos endireita,
tirando-nos do torto,
Cabendo-nos sempre a
opção de qual, trazer a bom porto!
Somos nós, já desde o
tempo dos nossos avós
E os deles antes
deles, antes de serem milicentiexatetra-avós!
Posso estar a
exagerar, mas gosto de pensar num natal, com tanta tarte de noz!
Mas, a verdade é que
sabemos e saberemos quando deixar-mos de nos sermos, saberemos ser nós a não
mais lembrar-mos os nossos avós!
Tá tudo fodido meu!
Corram para os
montes,
Ergam muitas pontes,
Saltem para o lado de
lá!
O Amanhã, já cá n
ão está!
foi passar férias a Felgueiras,
ter com um Xeiquedas
areias!
Conseguiu reserva num
restaurante com lampreias!
Sei lá, desistiu e
foi fazer vida com as sereias!
Nós só fazíamos
asneiras!
E pronto, deu-lhe
para tonteiras,
Nem nos tratou das
torneiras!
E pronto, nisto, soltam-se umas rameiras, levaram-no a comer
alheiras,
E pronto, ele saltou
barreiras, rompeu todas as fronteiras e ainda nos levou as carteiras!
Vivemos num tal desafogo,
que tudo o que nos é vendido, nos é vendido para o futuro! Não compramos o que
consumimos hoje, mos o que vamos querer consumir daqui por três dias, mais para
depois das férias, que faremos, um desses anos,
Depois de pagarmos a
casa, ou antes de vendermos o carro! Não sei, um dia desses compramos, só
porque é tão caro que soa mesmo a algo extraordinário!
Mas pronto, eu é que
sou o otário, o primata subdesenvolvido que não acredita num horário, para se
cumprir o primário!
Sou eu que sou
atrasado, retardado e talvez, um pouquinho passado,
Corre-me ar pelas
veias, por isso solto asneiras, como grãos, que compõem as areias!
Ou então, por muito
que me custe e marque, por muito que me dilacere,
Eu fui adoptado e vim
de marte e o meu mundo não é aqui! Devo ser lá da tal parte!
Ou de um País, onde a
TV não mostra aqui! Se calhar fui muito exposto,
Padeci de um qualquer
desgosto e por isso estou aqui! Ou então, então, ou então, não!
Custa-me a
cota-de-malha da gente
Esta forte, mas
transparente,
Onde quem desperta
vê, vê-o tão claramente!
Um mar, um universo
de gente,
Gente que de si não é
crente,
Sendo forçada a
manter um estado omnipotente
Para em nós perpetuar
este nosso não pensar
Este que nos é dado a
tragar,
Onde dizem que o
nosso esforço nunca fará parar
O que nos mata e destrói,
o que nos corrói e separa
Isso que de nada nos
vale, acordando no que nos espera!
Face á ameaça vigente
Essa que faz
necessário,
contratar um
assistente,
Tecnocrata
emasculado,
dos do grupo de
deputados,
referidos
previamente!
Por isso é que não sou
crente do trabalho do presidente,
Ou da pátria nação,
De um hino ou
qualquer canção
que patrocine o padrão!
Esquecendo assim a
nomeação
A que foi dada em
maioria
Ou pela suposta união,
a da democracia
Afim de continuar a
re-evolução,
Ou
Aquela depois do
perdão,
dado pelo papa a toda
a nação
devota da sua religião
perpetuadora da repressão
extremada na
inquisição!
Ou
Aquela depois da
grande guerra, uma das duas, sei lá,
ou a próxima,
ou a outra,
aquela já para a semana,
uma com um vizinho do
irão,
ou uma no Paquistão,
ou letão, ou um cão,
sei lá!
Nem ter de ser uma
nação!
Pode ser uma pessoa
Uma qualquer mais ou
menos
Um daqueles pequenos
não dá gozo
Claro está! Traga-me
aquele dali
Só porque não o quero
ali!
E é este o alibí,
Para perseguir quem
não presta vassalagem aos que estão na outra margem nada tendo que ver com o
que está a acontecer!
Nada tendo que ver
com o que de nós conseguiu sobreviver!
Porque é que me
querem a aceitar
A palavra de um
badameco,
Um qualquer “jotinha”
ou o “caneco”
Um grandessíssimo
anti-imaginário
Um contra tudo o que
lhe é contr
E idiota como todos
os outros, um sacristão!
Ele nem é culpado,
foi de como foi educado
Em menino era bom
moço
Comia tudo ao almoço
E estudava bem a
lição,
Todos os dias, era
um sabichão!
Não é por acaso que o
pai
o batizou de sebastião!
Não o podemos julgar,
ele não podia saber que o pai era mandatado
Lidava com assuntos
de estado e nos coelhões imaginou exatamente o que queria ter
E como era o que ele
fazia, o que ele queria ter, tinha!
E teve assim este
filho, que coitado até é bom moço,
Mas não percebe um
caroço daquilo que é fazer
O que tinha de fazer,
porque tinha!
E pronto, querem que
eu aplauda a cagança do grande calão
Que atingiu tudo o
que quer só com a ajuda do paizão!
E é por isso que não
aplaudo,
hoje em dia claro
está,
O futuro irá mudar
e nesse movimento se
perpetuará!
O que me faz dizer,
que no futuro não
sei,
Posso não concordar
com nada disto
e achar que tudo o que cá está,
Bem escrito,
claro está,
Pode ser um grande
tiro ao lado!