O Fodissismo não está morto, está apenas enterrado, mas por
baixo da terra ainda esperneia, ainda solta urros no mato e ainda vocifera ás
estrelas. Ainda há quem se pergunte, — O que é feito do Fodissista amante dos
grandes e tórridos esplendores — não é feito nada, porque tudo está já feito,
o Fodissista já se provou e singrou nos ditos de um povo, já cicatrizou feridas
e engessou braços, já correu maratonas e matou javalis num domingo á tarde em
Alcochete, o Fodissista já foi amado nos braços de uma sereia e já comeu carpa
pescada num aquário de acrílico com uma rachadela no meio, já fez tudo e não
tem nada a provar, rigorosamente nada. Diz-se do Fodista que é um amador da
ignominia, que é um tentador da desarrazoada e irascível vontade de um deus
menor, mas não é verdade, o Fodista é um proselitista da gnose, um amador das
jovens menstruadas da Avenida de Roma, um acepipe de poucas calorias, um ventre
equilibrado entre os excessos, é um pedaço de carne no assador típico, é uma
verdade maior, um ex-libris de si próprio, é um fonema mudo num exercício para
ciciosos, uma artrite num idoso, é algo presente, é uma fleuma adulterada, um
adultério com um primo, uma cigarra em osmose com o meio circundante. Não
poucos se questionam sobre o verdadeiro valor da fodissibilidade da vida, o seu
teor foditório e a fodissidade com que ferozmente a vida atraiçoa o ser humano
comum, mas a isso o Fodissismo responde com ações, o fodissismo retorque,
redargui! É impossível esgueirarmo-nos do facto de que fodissar é tão válido
como escalar o Evereste para ajudar ao declínio de parasitas de árvores, como o
rabo-de-zorra ou as pútegas de raposa, é importante agir e o Fodissismo age,
age com um ímpeto e força tal que todos se encaralham á sua passagem, pois ser
Fodissista é ser mais alto, é ser maior que os lobisomens, é um foda-se aquando
de uma martelada num cravo metálico, é uma resposta ás ambições de anões com
escaldões fortíssimos, porque é menos o que escalda mas os braços são mais pequenitos
para espalhar o creme nívea do boião azul, é embebedar uma gazela e vê-la
espetar-se contra um carvalho adulto, é beber mijo de criança e dizer que são
tisanas, é rever no rosto de uma tia aquela amiga gorda que se embebeda e fica
arisca como uma mula bêbada de fruta fermentada, é uma ressaca de espumante!
Pode dizer-se muito do Fodissismo, mas nunca basta, o Fodissismo
é um organismo em osmose com o meio arquitectónico vigente, é como comer uma solha
pescada em apneia em Peniche, é buscar na idiossincrasia da formiga que segue
em contramão a resposta para quem veio primeiro, o foda-se ou o caralho! Mas
não se julgue que é simples a tarefa de um Fodista aperaltado de boas normas de
discurso, é ainda difícil singrar com verborreias de domesticação de girinos,
pode pensar-se que a missão de um Fodista é simples e que qualquer um pode ser
Fodista, mas não, oh não, não é! Ser Fodista é uma questão de honra, é levar a
peito coisas como gralhas em ementas de restaurantes com um dono reaccionário,
onde bitoque se escreve vitoque! É
comer o vitoque e dizer no fim ao
barrigudo reaccionário, que nitidamente explora a dona Esmeralda da cozinha com
horários estapafúrdios, —foi a primeira vez que comi vitoque, mas digo-lhe já estava de comer e chorar por mais! Ser Fodista
é mais que tudo desenterrar de um esfíncter contraído por soltura uma vontade
de ser igual aos demais, mas em bom, é respeitar as vontades de um jornalista
enfadado de escrever horóscopos e aceitar que nem sempre se acorda com a mesma
vontade de dizer coisas simpáticas aos leitores e que algum dia há de vir em
que um sagitário vai andar fodido dos cornos porque o horóscopo lhe disse que o
dia vai ser merdoso. Ser Fodista é comer farturas numa quarta à noite e cagar
só no sábado, é dura a missão de um Fodista e tudo surge para o atacar. As
palavras, secretas que são sempre, atordoam o espírito fodissilico e impregnam
de meias verdades a vontade de espreitar a vizinha a depilar-se antes de um
encontro importante com o merceeiro, porque o valor fiado é quase igual ao de um
salário mínimo, o Fodissismo não está morto, está apenas enterrado, repito-o e enterrado
a 7 palmos do chão, bem fundo, onde o sol não brilha e onde a música das
cítaras não se ouve porque já ninguém toca cítara decentemente e sejamos
francos em Massarelos já ninguém toca a cítara e é lá que o Fodissismo anda
enterrado, em Massarelos. Mas eis que é chegada a hora de desenterrar o Fodissismo,
fazer soar as trombetas e esfregar na tromba de muitos que tal força da
contemporaneidade não pereceu, apenas andou enterrada, enredada em contos do
vigário de Alfeizeirão, que pelos vistos andou enrolado com uma freira
capuchinha no fim de março de 2016. E que se diga por toda a parte, o Fodissimo
voltou e está mais vivo que nunca e saiu da tumba em Massarelos e anda a
passear como o zé do telhado andava, nos beirais e telhados das cidades armado
só de um caralho de um conceito que é fodido, o de que ser Fodissista é ser um
farol para a loucura da modernidade, é ser escansão numa fábrica de congelados,
é ser roubado no sábado á tarde no passeio alegre enquanto se apanhava um Zapdos
no telefone que vale o mesmo que umas férias num resort em cuba, é ser dentista
num país de terceiro mundo, onde não há gomas, nem chocolate, nem leite creme
feito pela avó! É com prazer que o digo, o Fodissismo voltou! Bem hajam!
Sem comentários:
Enviar um comentário