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sábado, 27 de agosto de 2016

O regresso do Fodissismo

O Fodissismo não está morto, está apenas enterrado, mas por baixo da terra ainda esperneia, ainda solta urros no mato e ainda vocifera ás estrelas. Ainda há quem se pergunte, — O que é feito do Fodissista amante dos grandes e tórridos esplendores ­— não é feito nada, porque tudo está já feito, o Fodissista já se provou e singrou nos ditos de um povo, já cicatrizou feridas e engessou braços, já correu maratonas e matou javalis num domingo á tarde em Alcochete, o Fodissista já foi amado nos braços de uma sereia e já comeu carpa pescada num aquário de acrílico com uma rachadela no meio, já fez tudo e não tem nada a provar, rigorosamente nada. Diz-se do Fodista que é um amador da ignominia, que é um tentador da desarrazoada e irascível vontade de um deus menor, mas não é verdade, o Fodista é um proselitista da gnose, um amador das jovens menstruadas da Avenida de Roma, um acepipe de poucas calorias, um ventre equilibrado entre os excessos, é um pedaço de carne no assador típico, é uma verdade maior, um ex-libris de si próprio, é um fonema mudo num exercício para ciciosos, uma artrite num idoso, é algo presente, é uma fleuma adulterada, um adultério com um primo, uma cigarra em osmose com o meio circundante. Não poucos se questionam sobre o verdadeiro valor da fodissibilidade da vida, o seu teor foditório e a fodissidade com que ferozmente a vida atraiçoa o ser humano comum, mas a isso o Fodissismo responde com ações, o fodissismo retorque, redargui! É impossível esgueirarmo-nos do facto de que fodissar é tão válido como escalar o Evereste para ajudar ao declínio de parasitas de árvores, como o rabo-de-zorra ou as pútegas de raposa, é importante agir e o Fodissismo age, age com um ímpeto e força tal que todos se encaralham á sua passagem, pois ser Fodissista é ser mais alto, é ser maior que os lobisomens, é um foda-se aquando de uma martelada num cravo metálico, é uma resposta ás ambições de anões com escaldões fortíssimos, porque é menos o que escalda mas os braços são mais pequenitos para espalhar o creme nívea do boião azul, é embebedar uma gazela e vê-la espetar-se contra um carvalho adulto, é beber mijo de criança e dizer que são tisanas, é rever no rosto de uma tia aquela amiga gorda que se embebeda e fica arisca como uma mula bêbada de fruta fermentada, é uma ressaca de espumante!

Pode dizer-se muito do Fodissismo, mas nunca basta, o Fodissismo é um organismo em osmose com o meio arquitectónico vigente, é como comer uma solha pescada em apneia em Peniche, é buscar na idiossincrasia da formiga que segue em contramão a resposta para quem veio primeiro, o foda-se ou o caralho! Mas não se julgue que é simples a tarefa de um Fodista aperaltado de boas normas de discurso, é ainda difícil singrar com verborreias de domesticação de girinos, pode pensar-se que a missão de um Fodista é simples e que qualquer um pode ser Fodista, mas não, oh não, não é! Ser Fodista é uma questão de honra, é levar a peito coisas como gralhas em ementas de restaurantes com um dono reaccionário, onde bitoque se escreve vitoque! É comer o vitoque e dizer no fim ao barrigudo reaccionário, que nitidamente explora a dona Esmeralda da cozinha com horários estapafúrdios, —foi a primeira vez que comi vitoque, mas digo-lhe já estava de comer e chorar por mais! Ser Fodista é mais que tudo desenterrar de um esfíncter contraído por soltura uma vontade de ser igual aos demais, mas em bom, é respeitar as vontades de um jornalista enfadado de escrever horóscopos e aceitar que nem sempre se acorda com a mesma vontade de dizer coisas simpáticas aos leitores e que algum dia há de vir em que um sagitário vai andar fodido dos cornos porque o horóscopo lhe disse que o dia vai ser merdoso. Ser Fodista é comer farturas numa quarta à noite e cagar só no sábado, é dura a missão de um Fodista e tudo surge para o atacar. As palavras, secretas que são sempre, atordoam o espírito fodissilico e impregnam de meias verdades a vontade de espreitar a vizinha a depilar-se antes de um encontro importante com o merceeiro, porque o valor fiado é quase igual ao de um salário mínimo, o Fodissismo não está morto, está apenas enterrado, repito-o e enterrado a 7 palmos do chão, bem fundo, onde o sol não brilha e onde a música das cítaras não se ouve porque já ninguém toca cítara decentemente e sejamos francos em Massarelos já ninguém toca a cítara e é lá que o Fodissismo anda enterrado, em Massarelos. Mas eis que é chegada a hora de desenterrar o Fodissismo, fazer soar as trombetas e esfregar na tromba de muitos que tal força da contemporaneidade não pereceu, apenas andou enterrada, enredada em contos do vigário de Alfeizeirão, que pelos vistos andou enrolado com uma freira capuchinha no fim de março de 2016. E que se diga por toda a parte, o Fodissimo voltou e está mais vivo que nunca e saiu da tumba em Massarelos e anda a passear como o zé do telhado andava, nos beirais e telhados das cidades armado só de um caralho de um conceito que é fodido, o de que ser Fodissista é ser um farol para a loucura da modernidade, é ser escansão numa fábrica de congelados, é ser roubado no sábado á tarde no passeio alegre enquanto se apanhava um Zapdos no telefone que vale o mesmo que umas férias num resort em cuba, é ser dentista num país de terceiro mundo, onde não há gomas, nem chocolate, nem leite creme feito pela avó! É com prazer que o digo, o Fodissismo voltou! Bem hajam!    

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